Seus alunos sabem interpretar problemas?
Será que eles são desatentos ou a dificuldade está no entendimento dos conteúdos matemáticos? Saiba como planejar enunciados adequados e veja como eles interferem na compreensão das tarefas pelos estudantes
Com apuração de Wellington Soares (novaescola@fvc.org.br). Editado por Beatriz Santomauro
"Meus alunos não leem o enunciado com atenção. Outros não têm tanta habilidade de leitura e não conseguem interpretá-lo." Certamente você já ouviu frases como essas - ou até mesmo falou isso em algum momento. Mas existe outro fator que deve ser levado em conta quando o assunto é resolução de problemas: o domínio dos conteúdos matemáticos.
Para refletir sobre essa questão, analise o seguinte enunciado: "André tinha várias bolinhas de gude. Em um jogo, ganhou 17 e agora está com 43. Quantas ele tinha antes da partida?" Se os estudantes dos primeiros anos do Ensino Fundamental se deparam com esse texto, é muito provável que entendam que existe um menino e que ele ganhou bolinhas em um jogo. E, apesar de terem interpretado o texto, é bastante comum que muitos não saibam como resolver a questão. Já, se o professor apresentar o problema "Calcule quantas bolinhas de gude André tinha se ganhou 20 durante o jogo e agora está com 35", é possível que mais crianças respondam. O contexto apresentado é o mesmo, mas há algumas variações que modificam a complexidade, deixando o segundo mais simples. Os números do primeiro enunciado (17 e 43) são mais difíceis de lidar do que os do segundo (25 e 20), e a história está contada de maneiras diferentes, embora ambos queiram saber quantas bolinhas André tinha antes de jogar.
Por isso, quando elaborar um enunciado ou eleger no livro didático qual será proposto em sala de aula, analise-o e pense nos objetivos que quer atingir. O primeiro passo é saber que ele deve ser usado para ensinar um conhecimento novo - e não propor um treino ou uma repetição de algo já sabido - e que a resposta do aluno deve mostrar quais conhecimentos ele usa para resolvê-lo, conforme explica Maria Clara Galvão, professora do 4º ano da Escola da Vila, em São Paulo, e formadora de educadores na mesma instituição. O segundo passo é garantir que seja bem escrito, claro e procure não dar margem a ambiguidades. "E não é uma questão de facilitar a linguagem ou simplificar os conceitos", explica Leika Watabe, assessora técnica educacional da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. E o terceiro: a complexidade de um problema precisa estar ajustada à realidade de sua turma - nem tão fácil nem tão difícil, mas desafiador -, levando em consideração o que as crianças já sabem (confira diferentes exemplos na última página). "Quando o aluno encontra algum tipo de desafio, ele se sente forçado a buscar soluções: mobiliza o que sabe, dá significado ao que conhece e constrói conhecimento", comenta Leika.
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